sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Memorial Descritivo

Meu nome é Flaviane Oliveira Scheffel, nasci em janeiro de 1976, na cidade de Pelotas, no hospital Santa Casa. Minha família é gaúcha e eu tenho 3 irmãos. Nós somos 2 mulheres, as duas professoras e 2 irmãos gêmeos, que são técnicos em elotrotécnicos. Meu pai, Batista Colombo da Silva, nascido em Osório trabalhou desde seus 18 anos na construção civil com pavimentação, na empreiteira Sultepa que construiu grande parte das rodovias da BR 116 e assim conheceu minha mãe, Terezinha Oliveira da Silva, na época funcionária pública da cidade de Santana da Boa Vista. Conheceram- se e casaram em 1972, moravam por algum tempo em Santana e após 2 anos do meu nascimento fomos morar em Santa Catarina, após em Montenegro(RS) e na década de 80 viemos morar em Novo Hamburgo, aí minha mãe trabalhou por vários anos no hospital Regina, na contabilidade. Minha avó materna nos acompanhou e aqui em Novo Hamburgo éramos somente nós os 4, morando a 360 km da nossa “terra amada”. Eu, nessa época com 7 anos, fui para escola, como minha mãe era funcionaria da Congregação Santa Catarina, ganhei uma bolsa de estudos para estudar no Colégio Santa Catarina. Nos primeiros dias de aula chorei muito, sentia muita falta da minha avó e uma mistura estranhas de diferentes medos, a escola era muito grande, a sala era quente e eu me sentia abandonada, com medo de ser esquecida pelos meus pais. Mas eles foram “perfeitos”, acompanharam minha adaptação, e estimularam e foram duros comigo, quando o limite estava extrapolando. Minha professora foi também maravilhosa, muito afetuosa e passou segurança e confiança. Durante minha trajetória enquanto professora, fui alfabetizadora, por anos e minha maior preocupação inicial, sempre foi a adaptação, fiz diversas leituras sobre o assunto e sempre me preocupei com essa fase tão importante e marcante na vida de uma criança. Penso que é necessário primeiramente, que as mães, os pais e/ou seus cuidadores, realmente queiram o ingresso e acreditem na capacidade da criança para esta conquista. É importante a certeza da escolha feita e sentir-se acolhido por este novo espaço. Quando se é pai e mãe é preciso aprender a confiar. Confiamos no pediatra, nos profissionais da escola e, principalmente em nossos filhos, em suas capacidades para este início social, com amigos, novos combinados, vida em grupo. Não existe criança que não se adapte a criança não fracassa. A escola e a família, a sintonia entre as duas é que pode fracassar a criança não. Criança é força, alegria, perseverança, deslumbramento... O diálogo aberto entre família e escola é a fórmula perfeita par que tudo dê certo, afinal não existe fórmula mágica, nem receitas milagrosas. Importante entender que a escola deve ser um presente para criança, um lugar onde ela será cuidada, protegida, amada, estimulada, respeitada... Não apenas um lugar onde se deixa um filho porque se precisa. Escola não deve ser obrigação. A primeira adaptação a gente nunca esquece, sei bem o que digo, ela é a primeira porta que se abre para toda uma caminhada escolar, onde as frustrações existirão, mas o sucesso é indispensável. Para isto não se deve ter pressa, cada hora na escola é uma conquista, uma descoberta, um vínculo que se estabelece. O choro pode e deve acontecer, ele é reação e linguagem (da criança). Após alguns meses na escola, minha mãe engravidou dos meus irmãos, foram gêmeos, uma nova fase iniciou-se em minha vida. O mundo de “princesa” caiu, agora tinha que dividir a atenção dos meus pais e da minha avó com dois lindos bebês, que sempre os amei, porém no meu intimo de criança sentia novamente abandonada, ou quem sabe deixada em segundo plano, foi um momento de muito aprendizado e com certeza de muito amadurecimento. Minha mãe continuou trabalhando, sempre muito, ficávamos com nossa avó e uma babá para os bebês. Foi um tempo difícil, pois meus pais estavam construindo nossa casa, as despesas conosco era grande porque éramos crianças muito doentes, eu asmática e os meninos bastante frágeis, lembro-me das noites que meus pais passaram em claro, das horas extras que meus pais faziam no trabalho e que os condenava pois não estavam conosco, mas foi essa luta, que fez construiu minha personalidade tão lutadora e audaciosa. Estudei todo meu primeiro grau na mesma escola, lá fui muito feliz, aprendi muito, mas também sofri muito, por não ser rica e estudar em uma escola para ricos. Na década de 80, nesta cidade a ascensão do calçado foi enorme, e havia famílias com muito dinheiro, muitos filhos dessas famílias eram meus colegas e por vezes fui humilhada, por que meu pai me buscava na escola, com um Fusca, 72, que minha casa não estava completamente pronta, ou porque não tinha a roupa mais bonita, ou não ia nas férias de inverno para Disney. Essas experiências fizeram-me a acreditar cada vez mais que por meus esforços, iria ter uma condição de vida melhor, mesmo sofrendo calada, sempre acreditei e fui educada pelos meus pais, que não importava ter um sobrenome alemão, ou ter muito dinheiro, mas sim ter princípios e perseverar pelos nossos princípios. Penso que por isso sempre escolhi, em minha vida profissional trabalha em escolas públicas, em lugares mais desfavorecidos, com as classes mais excluídas na sociedade. Por exemplo, hoje trabalho como coordenadora pedagógica na EMEF.ENR, no loteamento Kephas, um dos lugares mais pobres e violentos da cidade, onde aceitei esse desafio, pois acredito que a mudança pode ocorrer a partir da educação e é por isso que trabalho cerca de 7km da minha casa, enfrento inúmeros problemas sociais, e sofro pela falta de estrutura do poder público. Quando terminei meu primeiro grau, minha engravidou e nasceu minha irmã, que hoje também é professora. Nessa época meus pais já estavam melhor estabilizados financeiramente, foi bem mais fácil. Aí escolhi o magistério, assim continuei na mesma escola. Essa escolha veio do desejo da minha mãe e pela admiração que tinha pela minha professora de geografia e história, que fez com que eu me apaixonasse pela história e viajasse pelo conto dessas feitas por ela. Sempre a professora Angélica Dennicol, que aqui homenageio, foi minha “musa” inspiradora. Mesmo escolhendo o curso de Pedagogia após o magistério, sempre fui apaixonada pela história e em 1997, fui trabalhar na biblioteca pública de Campo Bom, como contadora de histórias. Durante o meu magistério, fui estagiara em uma escola municipal, essa sim foi minha escola de vida. Lá eu era secretaria, apoio, trabalhava com o reforço de alunos e com 16 anos, substitui por seis meses uma professora, que estava em licença em uma turma de alfabetização. Terminei meu magistério em 1994, após ter realizado meu estágio com uma turma de 2ª série. Então fiz vestibular na Universidade do Vale Rio dos Sinos, UNISINOS, porém estava desempregada e meu pai conseguia pagar apenas uma disciplina por semestre, foi assim que em 1994 iniciei meu curso de Pedagogia. Logo iniciei a trabalhar em uma Escola de educação Infantil, no berçário, minha experiência era de ser irmã mais velha, o que me ajudou bastante. Mas precisei ler e estudar muito para fazer um bom trabalho e ai aprendi que a educação infantil é base fundamental na estruturação psíquica e cognitiva de uma criança. Trabalhei nessa escola por 3 anos, recebia muito pouco, pois até hoje os professores da primeira infância são pouco remunerados e muitas vezes até descriminados, pois na visão empírica da sociedade são vistos ainda como somente cuidadores, mas mesmo ganhando muito pouco mas conseguia pagar mais uma disciplina, podendo fazer 4 disciplinas, já que a UNISINOS,dispõe de uma bolsa de 50% para licenciaturas. Em 1996 passei no concurso municipal na cidade de Campo Bom. Iniciei meu trabalho lá no bairro mais pobre da cidade, na Barrinha, lá tive durante 3 anos 4ª séries, durante o turno da manhã e a tarde trabalhava na Biblioteca municipal, como contadora de histórias. Minha graduação em Pedagogia foi bastante exigida, pois o currículo que cursei ainda exigia muitos estágios, mas muitas reflexões em meio as experiências que vivenciava, me constituíam uma professora pesquisadora, bastante crítica e “sonhadora” com a transformação do mundo a partir da educação. Levando-me a escolher a teoria crítica, pautada principalmente em Paulo Freire, para embasar minha metodologia de trabalho. Sempre acreditei na proposta de trabalhos a partir dos interesses dos alunos e de suas realidades e diversidades, como diz Freire em 1985, “a criança só aprende se desejar realmente e esse desejo se dá através da vontade, interesse e necessidade. Baseado nisso, observa-se, que a educação na escola defronta-se, hoje, com alguns problemas que demarcam profundamente o campo e o alcance de sua ação. Apresentam-se, no seu interior, problemas que vão desde a atribuição do seu papel social a questões que envolvem a prática pedagógica no seu dia-a-dia. Contestada por uns, julgada inútil por outros ou classificada como instrumento de reprodução das desigualdades socioculturais por terceiros, a escola está passando por um momento de transição e, talvez, de redefinição de seus objetivos e de seus fins, diante da diversidade que apresenta o mundo atual, não pode reduzir-se a um único fim. Deve estar aberta à multiplicidade de funções e de papéis que a necessidade social lhe requer fugir de sua finalidade primordial, que é a criação e a transmissão, assimilação e reconstrução do conhecimento produzido pela coletividade humana através da história. Cabe-lhe, acima de tudo, lutar pela preservação de princípios e de valores que são imprescindíveis para o desenvolvimento da sociedade. São os valores e os princípios da justiça, da igualdade, da liberdade, da criatividade, do direito à manifestação, à expressão.” Seguindo o pensamento de Freire (...) “a utopia educacional precisa alimentar-se destes valores que, muitas vezes, escapam à compreensão e à consideração da maioria das pessoas envolvidas no corre-corre da sociedade moderna.” (1979) Em 1999, fui convidada para ser diretora de uma Escola Municipal de Educação Infantil. Aceitei o desafio, mesmo com pouca experiência e ainda sem a graduação completa. Mas na época me achava preparada para esse momento. Muitos erros e acertos me constituíam como gestora, aprendendo a cada dia como gerenciar as relações interpessoais e administrativas burocráticas de uma instituição. Neste ano também me formei no curso de Pedagogia. Foi um ano de muitas conquistas, medos, incertezas e principalmente de crescimento. Em 2000 me casei, com André Leandro Scheffel, corretor de seguros, que por ironia do destino é de origem alemã, e que pelo desejo da lei incorporei ao meu nome um sobrenome alemão, quesito importantíssimo nesta cidade para ser bem visto ou até mesmo aceito. Também no ano de 2000 iniciei o curso de pós graduação do curso de Gestão Educacional, na Faculdade de Educação de Taquara, FACCAT, pois no momento sentia a necessidade de me munir de conhecimentos para fazer uma boa gestão. O que me fez crescer muito em relação ao planejamento, a busca de estratégias, e principalmente na construção e importância do projeto político pedagógico de uma escola, bem estruturado, participativo e fundamentado. Fica claro nessa fase profissional que cabe ao gestor cuidar da imagem da instituição, entusiasmar professores, alunos, as famílias e funcionários a alcançarem melhores resultados nas aprendizagens e nas relações interpessoais. Em 2004, fiz o concurso público municipal para Novo Hamburgo, onde fiquei em primeiro lugar, aí me desliguei da rede municipal de Campo Bom e comecei a trabalhar na Vila Iguaçu em Novo Hamburgo, voltando a minha primeira experiência, a alfabetização. O bairro é muito carente, desprovido de assistências mínimas necessárias, onde a maioria das famílias é oriunda da fronteira do estado, que vieram para Novo Hamburgo, para trabalharem com o calçado, mas com a queda do mercado no Brasil, muitas famílias naquele momento se encontravam desempregadas. Esse foi um período difícil para mim, recentemente tinha engravidado e tive meu primeiro filho, Mateus, que nasceu bastante prematuro e sucessivamente, bastante frágil, ficando frequentemente doente. Também porque nessa época meu esposo ficou desempregado e vivemos um período de bastante dificuldades financeiras. Tivemos grande auxílio dos meus pais. A mudança de trabalho para mim, mesmo quer tão desejada, foi bastante difícil, pois pela primeira vez fui trabalhar em um lugar de miséria e de muita violência. Recebi uma turma para alfabetizar, com 25 alunos, com 6 anos de idade, que nunca tinham frequentado a escola. Uma das tarefas mais difíceis que já enfrentei na minha vida profissional, pois além das dificuldades que cada criança trazia, além de suas trajetórias de vida, tão massacradas, eu tinha a obrigação de alfabetizá-los naquele ano, sendo que o governo da época exigia o máximo de aprovação, porém nem folhas para fazer xerox de atividades não eram disponibilizadas, pois a escola não tinha recursos financeiros para tanto. Íamos atrás de doações e muitas vezes pagávamos folhas e xerox para nossos alunos. Sendo que durante minha formação como alfabetizadora sempre acreditei na alfabetização pelo lúdico, com muito prazer. Sempre busquei o embasamento teórico em Vigostski, que diz que (...) “a escrita não somente é uma grafia, um gesto que marca, representando um som da fala, mas, além disso, uma linguagem particular, diversa da fala e capaz de significar... aprender a escrever, alfabetizar-se, é mais do que aprender a grafar sons; ou mesmo, mais do que aprender a simbolizar graficamente um universo sonoro já por si mesmo simbólico. Aqui, aprender a escrever é aprender novos modos do discurso (gêneros); novos modos de se relacionar com interlocutores, muitas vezes, virtuais; novos modos de se relacionar com temas e significados; novos motivos para comunicar em novas situações. Aprender a escrever é, aqui sim, construir uma nova inserção cultural.” Mas apesar de todas as dificuldades, a turma obteve muito sucesso, aí descobri o quanto as tecnologias podem ser valiosas aliadas nessa fase, fiz também durante esse ano um curso para Coordenador de Laboratório de Informática, onde me aproximei mais das tecnologias e me apropriei melhor dos projetos de aprendizagem, segundo o embasamento de Léa Fagundes (UFRGS). Tenho sempre presente uma fala da professora, que diz. (...) “nos anos 1990 iniciei as experiências de conexão e confirmei uma das minhas hipóteses: as crianças pobres consideradas de pouca inteligência pelas escolas, quando se conectam e se comunicam no ciberespaço, apresentam as mesmas possibilidades de desenvolvimento que os alunos bem atendidos e saudáveis”. Neste tempo aprendi com as tecnologias e as utilizei muito como aliadas na aprendizagem dos meus alunos. Logo em 2006 fui trabalhar no Laboratório de Informática da escola, onde atendia todas as turmas da escola uma vez por semana. Junto com os professores regentes, planejávamos projetos que eram desenvolvidos parte no LIE, parte em sala de aula. Foi um momento bastante gratificante. Em um turno trabalhei com a informática e no outro tinha uma 4ª série, que também era uma turma com muitas dificuldades de aprendizagens, ou seja, com lacunas na suas aprendizagens e muitos problemas sociais. Com eles organizei um projeto de cuidado com eles e com o lugar que vivem, intitulado como “Eu cuido do lugar que vivo”, fizemos muitas pesquisas, mutirões de limpeza do Arroio que passa atrás da escola, organizamos uma horta escola, criei grupo de monitores ecológico e com esse projeto e até ganhei o prêmio Municipal de “Professora Destaque. A escola dialogando com a comunidade”. A partir desse prêmio fui convidada a relatar a experiência para um grupo de empresários da Cidade, denominados “Pensando Novo Hamburgo”, que tiveram grande interesse no projeto e a partir dai começaram a ajudar a escola e eu comecei a participar das reuniões do grupo e criei um projeto denominado “Novo Hamburgo, limpeza, Novo Hamburgo Beleza.” Organizamos mais de 20 mutirões pela cidade de embelezamento, plantamos mais de 800 mudas de árvores, pintamos várias escolas municipais, tudo com a parceira dos empresários. A escola que eu trabalhava ficou bem conhecida e começou a receber outros recursos, hoje está muito bonita e com melhores condições de trabalho, como me envolvi muito com as questões ambientais, iniciei o curso de Educação e Gestão Ambiental, pelo SENAC. Este me subsidiou bastante para realizar meus projetos. A partir daí tenho sempre a ideia de que vivemos em uma sociedade cada vez mais competitiva, mais subordinada aos conceitos capitalistas, onde o ser humano esquece que pertence a um mundo onde todos somos filhos dessa terra e dela precisamos para sobreviver. Assim é necessário repensar qual o papel da escola nos dias de hoje, buscando uma educação onde a ética, solidariedade, responsabilidades, sustentabilidade e ambientalismo sejam os objetivos primeiros a serem desenvolvidos na escola. “Diz a letra de uma música do cantor brasileiro Milton Nascimento: “Estrangeiros eu não vou ser / Cidadão do mundo eu sou.” Se as crianças de nossas escolas entendessem em profundidade o significado da palavra desta canção, estariam iniciando uma verdadeira revolução pedagógica e curricular. Como posso sentir-me estrangeiro em qualquer território desse planeta se pertenço a um único território, a Terra?” (Gadotti, 2008). Nesse tempo também trabalhei como professora nos curso de pós graduação na FACCINTER(PR). Ia até o município que sediava o curso de Supervisão Escolar e dava aula, nos finais de semana. O acompanhamento dos estudantes era EAD. Trabalhei durante 3 anos nesses programas de pós graduação com as disciplinas de Gestão Escolar e Inclusão. Fui para as cidades de Camaquã. Rio Pardo e Sobradinho. Mas em 2010 esses cursos acabaram nessas modalidades. Em 2008 fui convidada pela secretaria para ser coordenadora de outra escola no mesmo bairro. Uma escola com 900 alunos, mas com melhores condições financeiras. Aceitei esse novo desafio, pois sempre acreditei que a coordenação pedagógica pode ser o coração da escola, aquele que pulsa e faz com todo o organismo seja vivo. Nessa escola percebi o quanto é necessário ser implantados programas de educação Integral, para tentar resgatar um pouco as defasagens que nossos alunos trazem, foi ai que pela UAB, realizei o Curso de especialização de Educação Integral e Integrada, pela UFPR. Repensei muito sobre os espaços e a organização das escolas, na busca de parcerias para construção de uma escola cidadã, nesse mundo tão transitório, onde as famílias apostam a cada dia o sucesso de seus filhos apenas na escola, muitas vezes até menosprezando as suas inúmeras possibilidades como pais e educadores. Penso que a educação Integral, bem organizada e por isso avalio o programa Mais Educação como um programa que já nasceu falido, pois não apresenta condições nem mesmo de tempo e espaços, mas si um programa bem pensado que pense na formação Integral do ser, é a solução para os problemas de déficit de aprendizagem. Todas às vezes que propomos aos nossos alunos novas possibilidades de aprendizado, como a integração nas atividades extracurriculares, propomos junto uma série de expectativas, desejos e medos. Pois nesse momento o professor busca, na maioria das vezes, mais uma possibilidade de aprendizagem efetiva, uma vez que nossos educandos trazem sempre mais uma demanda de carência afetiva, emocional e cultural, que muitas vezes parece para o professor não dar conta na sala de aula. Nesses anos como coordenadora pedagógica, agora em outra escola, no bairro São Jose, lot. Kephas me decepcionei muitas vezes e confesso que meu coração muitas vezes pulsou bem fraco, quase parando. As relações entre os grupos de professores determinam na maioria das vezes o sucesso ou o insucesso de uma escola. Sabemos o quanto é necessário uma proposta pedagógica bem pensada, bem planejada, mas o professor faz o seu trabalho e muitas vezes boicotam o trabalho do coordenador. Vejo a cada dia que a coordenação pedagógica ainda representa um grande desafio para Educação Brasileira, pois muitos educadores desconhecem as atribuições que as funções exigem. Infelizmente, ainda faltam condições de trabalho para o coordenador pedagógico, pois o tempo para atuar como parceiro dos docentes é dividido com outras tarefas, não permitindo que se realize o trabalho proposto. Hoje atuo como coordenadora de uma escola com 1200 alunos, com 53 professores de faixa etária 5 até 7º ano. Posso dizer que meu trabalho é bem mais difícil com os professores licenciados em outras áreas, pois essas academicamente deixam muito a desejar os processos pedagógicos, não preparando o professor preparado para realizar sua tarefa em sala de aula. Muitos dos especialistas em outras áreas só enxergam seus conteúdos, não seus alunos, deparando-se com uma frustração imensa, pois trabalhar distante das necessidades e vivências dos seus alunos, não alcançando seus objetivos. Tracei para esse ano de 2012, metas para mim como coordenadora. Tais como: acompanhar o trabalho dos professores, qualificando-os na prática didática pedagógica; oportunizar momentos de reflexões e trocas de experiências entre o corpo docente; possibilitar momentos de reflexão para reconstrução do Projeto Político Pedagógico; possibilitar o aprofundamento de concepções teóricas relacionadas a prática docente; promover momentos para articulação do trabalho da coordenação, orientação e direção, priorizando assim o foco de trabalho de cada seguimento; incentivar os professores a intervir na resolução dos problemas pertinentes à sala de aula; criar espaços de escuta dos alunos; Promover estratégias para ampliar a participação da comunidade; propor projetos que venham atender as demandas especificas do grande número de alunos com dificuldades de aprendizagens e outras mais especificas da aprendizagens. Hoje estou tentando não me culpar em não atingir minhas metas em 100%, mas faço e me planejo seguir um cronograma que atenda as demandas necessárias, me preocupando primariamente com as relações interpessoais dentro da instituição. Bem descrevi aqui minha trajetória profissional que já tem vinte anos de escola, em diferentes áreas de trabalho. Sonho ainda me ver uma sociedade melhor, que sabe valorizar a vida a partir da educação. Que respeita a inclusão social, que todas as escolas tenham uma proposta de acolhimento e de adaptação curricular para os alunos com NEE, não apenas uma interação social e que a partir dessa inclusão o mundo tenha mais paz, respeito, princípios e ética. Meio utópico, mas é o me move e me mantém como educadora nos dias de hoje. Como Paulo Freire fala na sua obra Pedagogia da Esperança, a utopia é uma das esperanças do mundo para reverter esta situação, sendo que o diálogo ássa a ser a ferramenta essencial de transformação de homens e mulheres por meio da educação. Tenho o desejo de fazer mestrado e pesquisar mais sobre políticas educacionais. Continuarei sonhando e apostando na Educação.

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